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Novos 'brutamontes' atraem público feminino para os cinemas; confira quem são os astros
Houve um tempo, nos anos 1980, em que astros da ação como Sylvester Stallone, Nick Nolte e Arnold Schwarzenegger eram patrimônio exclusivo da parcela masculina da humanidade. Eles encarnavam heróis desprovidos de ambivalências morais. Sua missão era matar e trucidar em nome do bem. Para tanto, exibiam mais músculos que massa cinzenta – e viviam aventuras que não passavam de um pretexto para cenas de pancadaria que a rapaziada sempre cultuou. Quase três décadas depois, os brutamontes voltaram com uma força adicional. A nova safra de musculosos de Hollywood conseguiu uma proeza inimaginável: atrair a audiência feminina.
Até pouco tempo atrás, os casais que iam juntos ao cinema jogavam cabo de guerra: elas puxavam a corda para as comédias românticas, eles tentavam arrastá-las para o último sucesso de Sylvester Stallone. Hoje, não há tanta briga por gêneros cinematográficos. Isso porque as comédias românticas incluíram homens “comuns” (e não apenas os belos galãs de sempre) e cenas de sexo picantes, que animam a audiência masculina. Por sua vez, para atrair as mulheres, os filmes violentos passaram a escalar brucutus com feixes inéditos de músculos e sensibilidade inimaginável nos tempos de Schwarzenegger e Stallone.
Diferentemente de seus antepassados, cujo instinto assassino deixava pouca margem para questionamentos existenciais, os personagens musculosos de hoje não são apenas corpinhos (ou corpões) bonitos. Lanterna Verde (Ryan Reynolds), Capitão América (Chris Hemsworth), Nathan (Taylor Lautner, o lobisomem da saga Crepúsculo, em Sem saída) e Tommy Conlon (Tom Hardy, do ótimo Warrior, sem previsão de estreia no Brasil) alimentam dúvidas sobre todos os assuntos, do senso de justiça à sexualidade, passando pelo dever e pelo apego à família. Nathan passa seus dias revezando entre puxar ferro e correr atrás da própria identidade: é a versão Crepúsculo de A identidade Bourne. Tommy deserta durante a Guerra do Iraque, mas é admirado por ter salvado um soldado e exorciza sua culpa no vale-tudo. Nada mais eficaz em tempos de instabilidade, e nada mais atraente para garotas em busca de emoções pesadas.
Há poucos exemplos melhores dessa nova safra de brutamontes que o ator havaiano Jason Momoa, de 32 anos, protagonista de CONAN, O BÁRBARO, que estreia no Brasil nesta semana. A versão original do filme, baseada no romance homônimo do escritor e levantador de peso texano Robert E. Howard (1906-1936) publicado em 1934, lançou à fama o jovem Arnold Schwarzenegger em 1982. O filme é um símbolo dos machões da velha guarda. Agora, dirigido por Marcus Nispel (de Sexta-feira 13), o filme pretende ser mais fiel ao livro, que conta a trajetória de um jovem bárbaro da tribo ciméria, que quer vingar a morte do pai, executado pelo rei Khalar Zym (Stephen Lang). Ou seja: mais carnificina, mais cabeças a rolar, sangue, violência e uma forte presença feminina. Duas personagens entram em cena: a sacerdotisa Tamara (Rachel Nichols) e a filha do rei, Marique (Rose McGowan). Ambas se revelam mais violentas e cruéis que os homens. Tamara é uma vestal raptada por Conan. Ela veste calças e botas de pele e sai com o amante decapitando inimigos. Marique é capaz de identificar pelo olfato moças com sangue puro, ideal para sacrifícios. É assim que prende Tamara a uma roda, à beira de um precipício. Quem poderá salvá-la senão o musculoso cimério? O problema é que, à moda dos novos brutamontes, Conan não tem segurança total quanto a sua missão. Deixa nossa heroína à beira da morte – e, pior, em dúvida sobre se ele a ama como mulher.
A fidelidade ao original chama menos a atenção do que as diferenças entre Momoa e Schwarzenegger. O Conan dos anos 1980 era uma espécie de rei dos halterofilistas. Tinha uma musculatura exagerada, feita para assustar tanto os inimigos quanto as mocinhas da plateia. A versão atual do personagem também impressiona pela força, mas os músculos estão nos lugares certos – inclusive a barriga tanquinho para o deleite do público feminino.
Não há estatísticas sobre o sexo dos frequentadores do filme, mas é possível observar nos Estados Unidos que muitas mulheres estão comparecendo ao cinema. “Vim porque Jason Momoa não mostra só os músculos”, diz Trich, de 23 anos, que foi sozinha a uma sala no Times Square de Nova York na noite de 2 de setembro. “Ele é bacana, tem um olhar profundo e amoroso. O segredo de Jason é que ele causa insegurança nas mulheres. Seu Conan é másculo e sensível... mas não sensível demais.” Momoa, que ganhou fama como o truculento líder tribal Khal Drogo, da série de televisão A guerra dos tronos, parece ter dado uma rasteira definitiva em Stallone e companhia.
Rose chegando na pré-estréia do filme |
Papo rápido com Jason Momoa
O grandão que interpreta o novo Conan explica a árdua preparação para as filmagens
Você sofreu muito nas gravações?
Jason Momoa – Quebrei algumas costelas em cenas de ação. Também quebrei o nariz e quase morri quando um cavalo perdeu o controle, capotou e por pouco não me esmagou. Além disso, machuquei seriamente minha virilha e meus cotovelos. Foi o papel que mais me esgotou fisicamente. Gastava seis horas por dia em treinos.
Mesmo assim você quis fazer as cenas de ação por conta própria?
Momoa – Essa é a maneira como o Conan se expressa – por meio de seus movimentos. Você não pode interpretar o papel corretamente se alguém realizar os movimentos por você. Tive de transformar meu corpo. Nunca faria nenhum treinamento daquele voluntariamente para me tornar tão grande como fiquei.
Você se preocupa em ficar conhecido como um ator de papéis violentos?
Momoa – Prefiro ficar tachado por papéis brutos do que por papéis ruins. Foram anos de trabalho e de batalha e agora as portas estão um pouco mais abertas para mim. Quando A guerra dos tronos apareceu, eu sabia que seria ótimo. E adoro Conan, o achei fenomenal de interpretar. Tenho essa coisa bruta para Hollywood, mas acho superdivertido. Gosto de escrever e criar, então tenho outros atributos.
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