Nise – O Coração da Loucura conta a história de uma verdadeira heroína brasileira: a doutora Nise da Silveira, uma mulher à frente de seu tempo que desafiou o sistema médico de sua época em busca de um tratamento mais humano e bem sucedido de pacientes com transtornos psiquiátricos. Pois o filme dirigido por Roberto Berliner acaba de ganhar o prêmio máximo no Festival de Cinema de Tóquio, que é o maior da Ásia e um dos 5 mais importantes do mundo.
Nise concorreu com outros 14 filmes selecionados entre os mais de 1,4 mil inscritos de 86 países e territórios. Mas essa não foi a única vitória: Gloria Pires recebeu o prêmio de melhor atriz por sua atuação no papel-título, a médica que, ao sair da prisão, volta aos trabalhos num hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro.
Lá a doutora Nise se recusa a empregar o eletrochoque e a lobotomia no tratamento dos esquizofrênicos. Isolada pelos outros médicos, resta a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início à uma revolução regida por amor, arte e loucura. Vejo no making-of:
Nise da Silveira foi a única mulher entre os 157 homens formados em sua turma de Medicina, em 1926. Aprovada aos 27 anos num concurso para psiquiatra, em 1933 começou a trabalhar no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha.
Mas durante a Intentona Comunista, ela foi denunciada por uma enfermeira pela posse de livros marxistas. A denúncia levou à sua prisão em 1936 no presídio da Frei Caneca por 18 meses. Neste presídio também estava preso Graciliano Ramos, e assim Nise se tornou uma das personagens de seu livro Memórias do Cárcere.
Quando o filme começa, em 1944, Nise é reintegrada ao serviço público e inicia seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, onde retoma sua luta contra as técnicas psiquiatricas que considera agressivas aos pacientes. A partir daí, o impressionante pioneirismo da médica brasileira é ilustrado: Nise revoluciona a Psiquiatria então praticada no país usando a criação artística e até os animais de estimação, que ela chamava de "co-terapeutas".
Num país que precisa tanto de bons exemplos como o nosso, não dá pra deixar de assistir - e se inspirar - com Nise.
Imagens: TVZero
Nenhum comentário:
Postar um comentário