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Especial: A vida nos tempos de Downton Abbey


A fascinação pela nobreza, os costumes de época, as roupas e cenários belíssimos de Downton Abbey não são só fruto da imaginação do seu criador, Julian Fellowes. Toda produção é resultado de uma cuidadosa pesquisa histórica, que levou em conta as regras sociais do início do Século XX de forma poucas vezes vista na TV.

Por isso, o Séries News foi buscar em entrevistas dos principais envolvidos na produção detalhes que revelam como o show foi construído nos bastidores da gravação - para saciar a curiosidade e responder algumas perguntas dos fãs. Vamos então saber como era a vida nos tempos de Downton Abbey:


Menos afeto, mais higiene

Se você acha estranhas certas maneiras distantes dos personagens, ou atribui a aparente falta de afeto que eles demonstram à famosa frieza dos ingleses, saiba que tudo isso tem uma explicação.

O fato é que nós, acostumados à atual pegação generalizada propagada por programas de TV cada vez mais ávidos por audiência, ficamos incomodados com o fato de que os personagens de Downton  mal se tocam em cena - mesmo os mais apaixonados como Matthew Crawley (Dan Stevens) e Lady Mary (Michelle Dockery).


Até em situações que para qualquer família atual renderiam muitos abraços de consolo, como o período de angústia de Lady Edith (Laura Carmichael) após o desaparecimento de seu namorado, o conforto físico está ausente. Qual será a explicação?

Acontece que os atores foram orientados a não se tocarem durante as cenas, como era a regra nos anos 1920. "As pessoas simplesmente não faziam isso naqueles dias", explicou Alastair Bruce, consultor de História e de etiqueta da série. "A razão é porque as doenças se espalhavam muito mais facilmente. Se hoje podemos abraçar, beijar – conheça alguém agora e beijam você em poucos minutos – é porque agora nós temos os antibióticos".

Em entrevista ao programa Arts Show da BBC Radio 2, Bruce disse que nem sempre o público percebe como era impossível ter esse tipo de comportamento para os ingleses naquele período, mas que os detalhes históricos são altamente valorizados pela produção de Downton.


Pessoalmente, acho ridículo quando séries supostamente de época tentam dar atitudes e modos modernos aos seus personagens. É uma enganação do público e um desserviço para a sociedade, fazer parecer que as pessoas sempre agiram e pensaram da mesma forma que hoje, e que não houve mudanças para melhor ou para pior.

Patrões e empregados:

Na sociedade britânica da época, sólidas barreiras separavam as classes sociais - e elas eram rigidamente respeitadas. Dificilmente algum empregado pensaria em discutir seu papel numa casa como a dos Crawley. Uma relação mais próxima, como a de Lord Robert (Hugh Bonneville) com Carson (Jim Carter) ou Bates (Brendan Coyle) era fruto de muitos anos de convívio e respeito mútuos, mas sempre com cada um mantendo seu lugar no extrato social.


Nos salões e quartos da casa - a parte alta, "acima das escadas" - empregados moviam-se com cuidado, jamais apareciam sem serem chamados e faziam o máximo para que sua presença mal fosse percebida. A assistente de cozinheira Daisy (Sophie McShera), que mesmo entre os empregados estava num extrato inferior, sequer podia transitar por esses lugares.

Em contrapartida, a cozinha e os aposentos dos funcionários - "abaixo das escadas" - eram quase uma zona de trânsito proibido para os senhores em sua própria casa. Um lugar que mesmo Lady Cora (Elizabeth McGovern) dificilmente frequentaria.


Por isso causa tanto escândalo quando o motorista Tom Branson (Allen Leech), um jovem de pensamento socialista, se aproxima de Lady Sybil (Jessica Brown Findlay). A fuga dos dois é quase uma condenação de ostracismo social para ela, revertida apenas em função de circunstâncias preocupantes envolvendo a segurança do casal. O retorno deles à Downton causa estranhamento não apenas para a família, mas entre os antigos colegas de trabalho de Branson. Carson o acusa de não saber o seu lugar. Thomas (Robert James-Collier) recusa-se a servi-lo. A babá que cuida da pequena Sybbie (Ava Mann) a maltrata, e chama a menina de "mestiça".

O que hoje seria taxado como preconceito, na época era uma reação comum a uma situação surpreendente, que dificilmente acontecia.


Um mundo em frenética transformação

Há muitos motivos por trás da fama de "frenéticos" dos anos 20 do século passado. No contexto histórico-social da época estão o início de uma mudança drástica no papel das mulheres, a ascensão da tecnologia e a desintegração da hierarquia de classes. Dá para imaginar como ficava a cabeça de um Lord Crawley com tudo isso?

A escritora Jessica Fellowes, autora de The World of Downton Abbey ("O Mundo de Downton Abbey") diz que o sucesso da série em mostrar essas mudanças acontece porque o público é fascinado pelo passado. "Eles assistem ao show, mas realmente queriam estar nele", diz. "O público adota roupas no estilo dos anos 1920 e quer saber detalhes sobre como fazer a festa perfeita de Downton. Eles querem saber como essas grandes propriedades funcionavam, e também tudo sobre os aspectos sociais e históricos desse período."


"É por isso que Lady Violet (Maggie Smith) é uma personagem tão importante, porque ela é a grande testemunha de toda essa mudança", explica Jessica. "Ela cresceu em uma era vitoriana de carruagens puxadas a cavalo e luz de velas. Mas o mundo ao seu redor foi alterado de um modo extraordinário e muitas vezes desconcertante. A Condessa de Grantham teve que lidar com a eletricidade e a condução de automóveis, jazz, mulheres votando, trabalhando e um governo socialista".


Paralelo com os dias de hoje

Os personagens da série vivem uma vida que não parece nem um pouco com a nossa, com suas casas enormes e muitos servos. Mesmo assim, Jessica acha que o mundo de Downton Abbey compartilha muito com o de hoje. "Atualmente, como há 100 anos, tem havido enormes e repentinos avanços em tecnologia que impactaram a sociedade em geral. Na última década nós experimentamos uma taxa semelhante de mudanças, com telefones celulares, novos meios de comunicação social e ciência genética", diz.

"Se muitas pessoas hoje em dia compreendem como Lady Violet se sentia, é porque nós mesmos nos sentimos assim", explica. "Eu já tive conversas com meu filho sobre como era a vida antes da Internet e dos telefones celulares, e me senti com 150 anos de idade." E é essa a razão que Jessica encontra para que tanta gente ame ver Downton Abbey: saber como aqueles personagens lidariam com tudo isso no passado mais realista da ficção.


Fotos: ITV e Internet

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