Quem teve uma infância de TV aberta não esquece de Perdidos no Espaço. A começar pela musiquinha, uma das mais marcantes da história da ficção científica:
Agora, segundo o Deadline, o Netflix superou outros concorrentes para levar adiante um projeto de remake da série. O novo Lost in Space é descrito como "uma saga épica de ficção científica de uma jovem família de exploradores da terra, perdidos em um universo alienígena e enfrentando desafios para ficarem juntos". Que sinopse bem séria, ein?
No show de 1965, que se passava três décadas no futuro (1997), a história começava com uma tentativa dos EUA de colonizar o espaço através do envio de uma única família, os Robinsons, em uma viagem de 5 anos e meio para outro planeta. Eles viajavam na Jupiter II, uma nave "moderníssima" que mais parecia um disco voador.
A família Robinson (sim, é uma referência ao Crusoé) era composta pelos pais John (Guy Williams) e Maureen (June Lockhart), e os filhos Judy (Marta Kristen), Penny (Angela Cartwright) e Will (Bill Mumy). Com eles, viajava o Major Don West (Mark Goddard), supostamente um interesse amoroso para Judy o que, numa série dos anos 60, nunca chegou a vingar.
Mas o que os tripulantes não sabiam era que havia um clandestino a bordo - o Dr. Zachary Smith, interpretado por Jonathan Harris. Este vilão era um espião estrangeiro (soviético?) que sabotava o projeto para prejudicar a missão. Só que ele se dá mal, pois fica preso na Jupiter II e acaba sofrendo as conseqüências da sua sabotagem: fica perdido no espaço junto com os outros.
A partir daí, a espaçonave viaja de planeta em planeta, conhecendo as mais estranhas civilizações e criaturas. Quase sempre, os Robinsons se metiam em alguma enrascada causada pelo Doutor Smith. E na primeira temporada da série (gravada ainda em Preto & Branco) ele era mau, muito mau. Quer se divertir? Veja você mesmo, no episódio piloto dublado:
Mas ao longo da série o Dr. Smith foi mudando de perverso e traiçoeiro para trapalhão e covarde. De malvado, tornou-se cômico, e literalmente roubou o show. Quem não se lembra das suas antológicas discussões com o Robô B9? "Sua lata de sardinha!", bradava Smith, enquanto o autômato provavelmente o salvava de alguma fria bem grande em que o egocêntrico doutor havia se metido.
Dizem que o sucesso da dupla foi tanto que Jonathan Harris passou a dar pitacos no roteiro, que se voltou mais e mais para as cenas cômicas de embate entre o doutor e o robô. Não sem causar desgosto entre os outros atores, que esperavam que Perdidos no Espaço fosse uma série de ação (para, obviamente, projetar suas carreiras).
Pois acabaram "perdendo espaço" - só para fazer um trocadilho. A excessão era Bill Mumy, o menino Will, que acabou ganhando identificação com o público infantil como o companheiro de aventuras do robô.
O seriado teve Irwin Allen como criador e produtor executivo. E apesar de todo o sucesso teve apenas três temporadas, com 83 episódios. O motivo supostamente foi o alto custo da produção (na época, a CBS estava financeiramente mal das pernas). Hoje pode até parecer bobagem, mas os efeitos especiais, o figurino futurista e a quantidade de maquiagem para compor os alienígenas eram uma extravagância nos anos 60.
Em 1997, ano em que na produção original a família Robinson é enviada para o espaço, Hollywood tentou fazer da série uma franquia para o cinema. Não conseguiu. O resultado foi tosco - mesmo com o elenco de atores bem populares, na época.
Mesmo a informação do Deadline sobre mais uma tentativa de revival do show não é de todo uma novidade, já que o site divulgou em anos anteriores o interesse de outros canais de produzir uma nova versão.
Considero que esse é mesmo um projeto traiçoeiro, já que muito do que manteve a série original viva no coração do público foi justamente aquele clima nostálgico dos anos 60, que se perde na tentativa de atualização. Além disso, quem se arriscaria a dar vida com tanto sucesso a um dos mais icônicos vilões de todos os tempos, o Doutor Smith? Como diria o robô, "não tem registro".
Imagens da Internet
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